Numa visão panorâmica do combate no país ao crime sob todas as formas, destaca-se a Polícia Federal pelo rigor, infelizmente nem sempre aceito pela Justiça, no desmonte de máfias que assaltam o erário.

O valor desse trabalho é inegável. Daí não se entender, até agora, a ausência da PF no enfrentamento das quadrilhas que, dos presídios, comandam ataques a pessoas e bens públicos ou privados em São Paulo, mas sobressaltam e humilham o país inteiro. Pela Constituição, cabe-lhe, expressamente, agir contra esse peculiar tipo de ação criminosa.

Diz-se que as operações bem-sucedidas da PF, neste ano, ajudaram a realçar a imagem política do governo, cujo presidente, candidato à reeleição, está, porém, imune à persistência do problema nos presídios.

Isso talvez explique, em parte, a falta de urgência oficial em resolvê-lo. A ética de alguns intelectuais situacionistas justifica o jogo sujo na política e explica o resto. Afinal, só se danam com os motins, gerados ou latentes nas prisões, o povo e os adversários na disputa pela presidência, postos em apuros e sob riscos até outubro.

Para o ministro Marco Aurélio de Mello, presidente do TSE, o governo “é favorecido nas reeleições”, que são, pois, um jogo sujo. Nelas, repete-se Stalin, que apagava fatos negativos para dominar corações e mentes. Expropriam-se feitos alheios; exibem-se, como obras acabadas e novas estradas imagens virtuais e consertos de buracos. É a farra da máquina estatal e da esmola; essa inferior a 10% dos juros da dívida interna.

Mensalões, sanguessugas, negócios de favor para parente? Negue-se tudo. Afora o voto consciente, a mentira e a omissão não têm castigo! Como a PF chamaria o trabalho de fisgar os autores da orgia de fraudes e delitos que atraem e traem eleitores? Talvez Operação Prometeu. O nome do titã grego que roubou o fogo do Olimpo e foi acorrentado nos cimos do Cáucaso. Haja montanha para os titãs do mal purgarem seus crimes e distorções éticas, por várias eleições. Até lá, uma dúvida: que delitos esses intelectuais no poder não aceitam na política?

Artigo – Rubem Azevedo Lima

Correio Braziliense