Em pronunciamento no qual criticou a insistência do governo pela criação de novos cargos públicos comissionados, o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) exortou o PMDB a impedir no Senado a aprovação de qualquer proposta de criação dessas novas funções.

Ele propôs que o partido carregue a bandeira da defesa dos direitos dos servidores públicos efetivos e citou a greve dos funcionários administrativos da Polícia Federal – que se prolonga por 25 dias – como mais uma demonstração da negligência do governo com os funcionários públicos federais permanentes.

– O governo dá à aprovação da prorrogação da CPMF, por exemplo, uma atenção continuamente negada às reivindicações das diversas classes de servidores do Executivo e do funcionalismo em geral. Proponho, por essa razão, que o PMDB impeça a criação de cargos até que as questões salariais e administrativas do funcionalismo sejam resolvidas -acentuou.

Fonte: Agência Senado

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Leia a íntegra do discurso:

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB – AC. Para uma breve comunicação. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias.

Hoje, pela manhã, a convite do comando de greve dos servidores administrativos da Polícia Federal, compareci à concentração que faziam em frente ao prédio da Superintendência da Polícia Federal. Fui levar a eles minha solidariedade pessoal e a de vários Colegas, com os quais tive oportunidade de conversar antes de ir e a quem anunciei que iria lá.

Naquele local, Senador, tive a percepção exata: ontem, nesta Casa, na sala da Liderança do PMDB, meu Partido se reuniu para, sobretudo, saudar o ingresso do Senador Edison Lobão nas suas fileiras, mas tivemos a oportunidade de conversar acerca de outros assuntos. Lembro-me vivamente que o Senador Gerson Camata cobrou de todos nós que reavivássemos a necessidade de o PMDB voltar a identificar bandeiras em torno das quais deveríamos nos congregar e lutar para que elas pudessem ser concretizadas em nosso País.

Hoje, os agentes da Polícia Federal resolveram, em todo o País, paralisar por 24 horas as suas atividades, em solidariedade aos seus colegas servidores administrativos daquele órgão.

Senador Neuto De Conto, tive a percepção de que o PMDB poderia defender uma grande bandeira neste País. Esse Governo, nos últimos tempos, especializou-se em criar cargos comissionados. Toda semana, tramita aqui uma medida provisória criando 100, 200, 300, 600 cargos comissionados, com salários elevados, inclusive. A bandeira que o PMDB poderia enfeixar, Senador Neuto do Conto, seria a de que esse Governo suspendesse a criação de cargos comissionados enquanto não resolvesse, definitivamente e de forma apropriada, a situação e a condição dos servidores públicos federais deste País.

Somos passageiros, somos transitórios. Quem preside este País está de passagem, os Ministros estão de passagem, todos nós estamos de passagem. No entanto, os servidores públicos federais efetivos são permanentes. Eles são um patrimônio. O maior patrimônio que este País e o Governo Federal têm são os servidores públicos federais.

Os servidores administrativos da Polícia Federal precisaram paralisar as suas atividades. Eles estão paralisados há mais de 25 dias. Imagine, Senador Neuto de Conto! Há 25 dias eles paralisaram suas atividades, porque há uma promessa do Governo Federal de solução não somente para as questões salariais daqueles servidores, mas também para aquelas atinentes ao funcionamento do órgão.

Os policiais federais receberam a promessa e tiveram, por parte do Governo, o cumprimento dessa promessa, com solução para a recomposição salarial e outras condições de trabalho. Porém, o mesmo tratamento está sendo negligenciado pelo Governo Federal. Os servidores administrativos daquela grande instituição, que emitem passaportes e trabalham no preparo das operações que a Polícia Federal desenvolve no País inteiro, precisaram paralisar suas atividades, porque a questão está sem solução tanto no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, quanto no Ministério da Justiça. O de lá diz que não é com ele, o de cá também diz que é com o outro. Os dois não se falam, os dois não tratam da questão com objetividade.

Creio que os servidores da Polícia Federal, assim como os servidores federais deste País, merecem, de quem exerce cargo transitório, pelo menos respeito, pelo menos um tratamento respeitoso, para que suas demandas sejam resolvidas e equacionadas.

A mesma preocupação que o Governo tem, aqui, com a proposta da CPMF…