Após uma legislatura marcada por escândalos sem precedentes, como o do mensalão e o dos sanguessugas, a população mandou de volta para casa quase a metade dos atuais deputados. Dos 513 integrantes da Câmara, 48,7% não voltarão no próximo ano. O Estado que teve o maior índice de renovação foi Alagoas – sete das nove vagas terão novos ocupantes.

Goiás foi o Estado que menos renovou, registrando um índice de 17,64%. Das 17 cadeiras, apenas 3 mudarão de titular no dia 1º de fevereiro. São Paulo, Rio, e Minas, os maiores colégios eleitorais, tiveram taxa de renovação de 61,4%, 52,2% e 49%.

Em 1990, segundo o Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar (Diap), a renovação foi maior, de 62%. Nas últimas três eleições, segundo a Câmara, a renovação foi de 55%, em 1994; de 41,9% em 1998 e de 41,6% em 2002.

O PMDB se tornou a maior bancada da Câmara nesta eleição e terá o direito de pleitear a presidência da Casa. Com 89 parlamentares eleitos, o partido superou o PT, que ficou com 83. O resultado das urnas mostra que, em um eventual segundo mandato, o presidente Lula vai precisar ainda mais do apoio do fragmentado PMDB.

Além dos votos para avançar nas matérias de interesse do governo, a importância do partido cresce porque é nas mãos do presidente da Câmara que fica a decisão de acatar e dar prosseguimento ou não a pedidos de impeachment.

Os partidos que apóiam o governo Lula (PT, PL, PP, PSB, Pc do B, PSC, PTB e PTC) somam 223 votos, encolhendo em relação à bancada atual, de 257 deputados. Sem o PMDB, o governo não alcança sequer a maioria simples dos deputados e muito menos tem número suficiente para aprovar emendas constitucionais, que exigem 308 votos.

Na oposição, PSDB e PFL elegeram o mesmo número de deputados: 65 cada. Somando-se outros partidos oposicionistas e independentes (PDT, PPS, PV e o Prona, PSOL), um eventual novo governo Lula teria contra si 193 deputados. Na atual legislatura, esses partidos somam 167 deputados.

A renovação, no entanto, não significa que caras novas estejam assumindo as cadeiras. Figuras carimbadas que não exerciam mandatos foram eleitos, como o ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), o ex-ministro de Collor Alceni Guerra (PFL-PR), a ex-vice do tucano José Serra na disputa pela Presidência em 2002 Rita Camata (PMDB-ES) e o ex-deputado e ex-ministro do TCU Humberto Souto (PPS-MG).

Denise Madueño e Fábio Graner

O Estado de S. Paulo