A sexta-feira (23) foi dia de reuniões no Ministério do Planejamento para a diretoria do SINPECPF. Além de debater a reestruturação da categoria, os representantes do sindicato participaram, juntamente com representantes das entidades de classe da carreira policial, das negociações em torno da recomposição salarial das categorias da Polícia Federal.

O ‘embate’ foi travado com secretário de recursos humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, que sustentou a tese de que o governo não deve negociar novas tabelas salariais às vésperas da eleição presidencial. “Consideramos indelicado entregar uma conta para um novo governo pagar”, declarou.

Os representantes das entidades da PF rebateram a colocação do secretário, lembrando que não existe impedimento legal para que o governo preveja reajustes para o próximo exercício fiscal. O único entrave para a demanda é o tempo. O governo precisaria encaminhar a proposta para o Congresso até junho para que o reajuste seja incluído a tempo no  Orçamento de 2011.

As entidades de classe da PF também questionaram se há perspectiva para um reajuste ainda em 2010. Segundo Duvanier, o governo só tem autorizado ajustes pontuais nas carreiras, otimizando as estruturas internas para compensar eventuais perdas. “Isso nos propicia trabalhar com reajustes na ordem de 5 a 10%”, calculou.

Para a diretora de assuntos parlamentares do SINPECPF, Pauleana Martins Nunes, um reajuste nesta escala não atenderia as necessidades da categoria. “Nossa categoria precisa ser recompensada pelos severos prejuízos financeiros que vem enfrentando”, declarou. Os demais representantes de classe da PF também enfatizaram o fato de que o governo acaba de encerrar um ciclo de negociações salariais iniciado com a própria PF e que, ao fim do processo, os valores negociados foram em muito superados pelos de outras categorias. “Nada mais justo do que iniciar um novo ciclo agora com a Polícia Federal”, argumentou Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, da ADPF.

Duvanier disse que irá analisar os argumentos levados pelas entidades e agendou um novo encontro para o próximo dia 5 de maio. “Até lá, teremos uma proposta elaborada”, afirmou. A presidente do SINPECPF, Leilane Ribeiro de Oliveira, alertou Duvanier para a necessidade de que a proposta contemple os servidores administrativos. “Custa muito caro à sociedade manter policiais desviados de função”, disparou.

Antes que o secretário passasse à próxima reunião, o presidente da ADPF, Sandro Torres Avelar, defendeu publicamente o pleito do PECPF. “É claro que cada entidade de classe veio aqui hoje defender interesses próprios, mas, se há um pleito realmente justo e que deve ser defendido por todos, esse pleito é o dos colegas administrativos. A situação precária a que eles vem sendo submetidos tem preocupado a todos nós, e o Planejamento precisa fazer algo a respeito”, afirmou.

Vale destacar que o SINPECPF volta a se reunir com o Planejamento na próxima terça-feira (27) para tratar da reestruturação da carreira, e que o sindicato estará presente na reunião do próximo dia 5 de maio.