O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, deve permanecer no cargo por pelo menos três meses. Tarso disse que neste período definirá a sucessão no comando da PF com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo menos cinco delegados disputam o cargo ocupado por Lacerda desde o início do primeiro mandato de Lula. 

Genro já pediu para Lacerda ficar no cargo em caráter definitivo, mas pelo menos por enquanto o delegado se mantém firme na disposição de deixar o cargo. “Não estou tratando da sucessão do doutor Paulo Lacerda. Já disse que ele esqueça a saída dele nos próximos três meses”, afirmou o ministro da Justiça, que se reuniu com as entidades representativas dos servidores da Polícia Federal, na sede da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). 

No encontro, Tarso Genro pediu para os representantes da federação esqueceram a possibilidade de substituição de Lacerda pelos próximos três meses. O ministro afirmou ainda que esse assunto será discutido somente depois desse prazo. 

Valor Econômico

27/3/2007

 

O presidente da Fenapef, Marcos Wink, reclamou da demora sobre a definição de Lacerda à frente da PF. Ele criticou ainda o estilo de Lacerda de trabalhar, a quem chamou de centralizador. 

A Fenapef também reclamou do não-cumprimento do acordo salarial fechado por Lacerda e pelo antecessor de Genro, Márcio Thomaz Bastos. Pelo acordo, negociado em fevereiro de 2006, os policiais receberiam uma recomposição salarial de 60% em duas parcelas. A segunda parte, prevista para dezembro, ainda não saiu. 

No encontro, Wink confirmou que a categoria vai mesmo realizar amanhã uma paralisação de 24 horas na quarta-feira, em protesto contra o não-cumprimento do acordo. Genro afirmou que a reivindicação salarial dos policias federais seria discutida numa reunião marcada para ontem no Ministério do Planejamento

Wink disse que a paralisação de amanhã deve prejudicar os serviços de emissão de passaporte e investigação, mas prometeram manter um mínimo de atividade. Nos aeroportos, os policiais federais vão realizar uma operação-padrão. Isso deve tumultuar ainda mais a vida dos passageiros, que já sofrem com a crise do controle do tráfego aéreo. Se as reivindicações da categoria não forem atendidas, os policias federais ameaçam deflagrar uma greve geral. A paralisação de amanhã, segundo eles, é apenas uma advertência. (Com agências noticiosas)