Lentidão se deve à greve dos funcionários públicos da área administrativa da Polícia Federal e afeta quase todos os estados. Para sindicato da categoria, negociações com o governo não avançam

Efeito da greve dos servidores administrativos da Polícia Federal, a liberação de passaportes está prejudicada em quase todos os estados do país, de acordo com o sindicato que representa a categoria, o Sinpecpf. No Distrito Federal, a demora na fila para a entrevista — uma das etapas para o recebimento do documento — chega a duas e a até três horas no Aeroporto Internacional de Brasília. Os atrasos ocorrem porque policiais estão sendo obrigados a realizar o trabalho antes feito por funcionários de retaguarda.

A paralisação teve início no dia 25 de setembro e é por tempo indeterminado. Os servidores reclamam que as negociações com o Ministério do Planejamento não avançam — já houve duas reuniões com a Secretaria de Recursos Humanos (SRH). O impasse vem desde o ano passado, quando foi assinado um pré-acordo que previa a reestruturação da carreira e recomposição salarial dos trabalhadores. Em todo o Brasil, há cerca de 3,5 mil servidores administrativos da PF. Os profissionais de nível superior têm salário inicial de R$ 2.100 e final de R$ 3.000.

Além da emissão de passaportes, a greve compromete o andamento de inquéritos, a área de transporte e informática, além do protocolo. “O movimento está prejudicando as operações da PF. A adesão está crescendo e tende a aumentar ainda mais”, disse Hélia Cassemiro, presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Nacional de Carreira da Polícia Federal (SinpecPF). Na Bahia, autorizações de visto de permanência estão suspensas e o posto da PF no aeroporto de Salvador não funciona. No Pará e no Rio de Janeiro, a greve atingiu até as superintendências.

Em apoio às reivindicações dos funcionários administrativos, os policiais e agentes federais podem cruzar os braços. Em assembléia extraordinária, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) aprovou na quarta-feira o indicativo de um dia de paralisação nacional. A data provável é 18 de outubro. A decisão final caberá às assembléias estaduais.

Para Hélia Cassemiro, o gesto de solidariedade ajudará a sensibilizar o governo. “Uma solução precisa ser encontrada urgentemente. Todos precisam encarar essa situação como prioridade. A greve é mais do que um ato por reajuste”, completou. Segundo ela, a PF precisa ser melhor estruturada em todas as suas frentes de atuação.

LUCIANO PIRES

DA EQUIPE DO CORREIO

FOTO: CARLOS MOURA / CB

11/10/2007

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