Nos últimos dias, circula entre servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia Federal (PECPF) uma “carta aberta” supostamente endereçada à Direção-Geral da PF, que tenta reacender o debate sobre o projeto de unificação das carreiras administrativas da PF, PRF e MJSP — uma proposta já formalmente rejeitada pela categoria em Assembleia Geral Extraordinária.
A diretoria do SINPECPF alerta que o documento divulgado é, na prática, uma republicação disfarçada do abaixo-assinado datado de 17 de maio de 2024, quando o cenário era outro: discutia-se a versão inicial do projeto, ainda vinculada a promessas de reajuste salarial. À época, a categoria se manteve aberta ao diálogo, mas sempre sob o compromisso de garantir a preservação dos direitos e da identidade institucional dos servidores do PECPF.
Do entusiasmo à recusa: o que mudou
Acontece que a realidade posterior mostrou que o projeto de aglutinação/unificação não atendia às especificidades do PECPF. O plano proposto desconsiderava o vínculo histórico e funcional dos servidores administrativos com a Polícia Federal, além de colocar em risco direitos adquiridos e abrir margem para a diluição da identidade da carreira em um “cargo transversal” e genérico do Poder Executivo, algo sentido pelos servidores administrativos, conforme veremos mais à frente. Diante disso, e com base na vontade expressa da maioria (60,14% dos votos), a categoria revisou seu posicionamento e optou por recusar o projeto em dezembro de 2024, consolidando uma nova trajetória baseada na valorização interna e autônoma da carreira.
Tentativa de manobra reacende o alerta
Mesmo com essa definição clara, o SINPECPF foi surpreendido, nesta semana, com uma solicitação da entidade representativa dos servidores administrativos do MJSP, pedindo um novo posicionamento em caráter “urgente” sobre suposta atualização do projeto e das tabelas remuneratórias — no prazo exíguo de 48 horas.
A diretoria do SINPECPF reagiu de forma responsável e transparente, esclarecendo à categoria que qualquer alteração relevante deve ser oficialmente apresentada pelos órgãos competentes, para que possa ser devidamente analisada com a profundidade que o tema exige. Não há espaço para decisões baseadas em ruídos de bastidores ou “notas informais” circulando em redes fechadas.
Na prática, o que se observa é uma tentativa de “vender o mesmo produto com embalagem nova”, como se o projeto fosse outro, quando, na verdade, trata-se da mesma proposta já rejeitada, ressuscitada novamente pelos “primos” administrativos do MJSP com promessa de atualização salarial.
A real motivação por trás da nova roupagem
Um documento interno que circula entre os servidores do MJSP deixa claro o cenário preocupante enfrentado por aquela categoria: com o avanço do Projeto de Lei 1.466/2025, há previsão de que aqueles servidores (vinculados ao PGPE) sejam transferidos para o MGI, mantendo apenas o exercício descentralizado no MJSP — um esvaziamento claro da carreira.
Na ausência de uma reestruturação própria, a unificação com o PECPF surge para aquele grupo como uma espécie de “tábua de salvação”. No entanto, isso não pode ocorrer às custas da integridade da carreira dos servidores administrativos da Polícia Federal. “Não podemos colocar em risco a estrutura do PECPF. Em 2024, buscamos por diversas vezes o diálogo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), além de solicitar documentação técnica que demonstrasse os reais impactos da unificação. Todos os esforços foram ignorados ou restaram infrutíferos”, alerta o Vice-Presidente do SINPECPF, Luis Henrique.
PECPF não é moeda de troca
O SINPECPF reforça que não aceitará que a categoria seja usada como peça de manobra em negociações alheias, como já ocorreu em 2023, quando a categoria foi preterida em acordos de recomposição salarial.
O alerta está feito: o que tentam apresentar como “novo projeto” é, na verdade, mais uma tentativa de “venda de gato por lebre”. E, como diz o ditado, quando a esmola é demais, o santo desconfia.
A diretoria está atenta aos movimentos nos bastidores e reforça: decisões estruturantes para a carreira do PECPF devem ser feitas com base em diálogo transparente, análise técnica e respeito à vontade da maioria, não por pressões externas ou narrativas paralelas.
ENCAMINHAMENTOS realizados pelo SINPECPF
O SINPECPF destaca que, respeitando a decisão soberana da categoria, já comunicou a decisão à Direção-Geral da Polícia Federal, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, e às entidades representativas dos servidores da PRF e do MJSP. O sindicato também solicitou que as campanhas de defesa da aglutinação não mais associem os servidores administrativos da Polícia Federal como apoiadores do projeto.
Para evitar nova campanha com o intuito de “angariar administrativos do PECPF”, a entidade irá reenviar os ofícios já encaminhados aos órgãos e entidades para reforçar a decisão da categoria.
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COMUNICADO AOS FILIADOS – UNIFICAÇÃO DE CARREIRAS (AGLUTINAÇÃO) | SINPECPF
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