Policial aposentado, petista preso com R$1,7 milhão para compra do dossiê contra tucanos continua calado

A Polícia Federal está tentando convencer o petista Gedimar Passos a colaborar com as investigações sobre a origem do R$1,7 milhão que seria utilizado para a compra do dossiê contra tucanos. Gedimar, policial federal aposentado, já foi procurado por colegas, mas, até agora, tem se mantido calado e não deu sinais de que quer ajudar a PF. Ele foi preso dia 15 de setembro em um hotel em São Paulo com reais e dólares.

Na ocasião, disse que recebeu os recursos de um homem chamado André. A PF ainda não conseguiu identificar essa pessoa e chega a suspeitar que ela não exista. Gedimar também afirmou que o mandante da operação teria sido Freud Godoy, ex-assessor do presidente Lula, mas, na semana passada, voltou atrás e acusou sua antiga corporação de tê-lo pressionado. Disse que deu depoimento sem a presença do seu advogado, o que deixou os policiais revoltados, uma vez que Gedimar foi policial federal por 30 anos.

Ricardo Berzoini vai depor terça-feira em Brasília

Policiais que participam das investigações acreditam que os envolvidos no caso estão sonegando informação para proteger alguém. Por isso, esperam que ao menos após o segundo turno das eleições algum dos aloprados, como o presidente Lula chamou os petistas que participaram do episódio, revele o mandante da operação e de onde vieram os recursos.

Enquanto não tem a colaboração dos envolvidos, o delegado Diógenes Curado Filho prossegue com os depoimentos. Ontem, ele tentava localizar o empresário Abel Pereira, acusado de intermediar negociações com a família Vedoin na gestão do tucano Barjas Negri no Ministério da Saúde, em 2002.

Curado havia marcado o depoimento de Pereira para hoje, em São Paulo, mas, como o deputado e ex-presidente do PT Ricardo Berzoini agendou suas explicações para a próxima terça-feira, em Brasília, o delegado pretende ouvir o empresário em Mato Grosso na segunda-feira.

A PF continua cruzando informações bancárias e telefônicas na tentativa de identificar de onde saiu o dinheiro para a compra do dossiê. Na quebra dos sigilos telefônicos foram constatadas diversas ligações para o PT, para ministérios e até para a Presidência da República. Porém, segundo um policial, essas informações não permitem ainda qualquer conclusão.

Os envolvidos no escândalo trabalhavam no comitê de campanha de Lula à reeleição. Freud Godoy trabalhava na Presidência e Osvaldo Bargas foi secretário do Ministério do Trabalho. Sua mulher, Mônica Zerbinato, era secretária do presidente.

O Globo