Segundo na hierarquia do órgão é acusado dar caronas a filha; ele diz que fato só ocorreu uma vez e destino do vôo não foi alterado

Delegado era cotado para substituir diretor-geral da polícia, que já anunciou que deixa cargo, mas agora pode sofrer processo de expulsão

Segundo homem na hierarquia da Polícia Federal, o delegado Zulmar Pimentel, diretor-executivo da instituição, é acusado de usar aviões do serviço público para dar carona a filhos, bem como para viagens injustificadas, conforme investigação do próprio órgão.

Reportagem publicada ontem no jornal “Correio Braziliense” revelou a sindicância que foi instaurada na Polícia Federal para apurar as viagens.

O delegado Otávio Fernandes, responsável pela sindicância, concluiu, com base em “fatos plenamente constatados”, que Pimentel embarcou suas filhas (ou uma única filha, já que o nome da(s) passageira(s) não é revelado no relatório) em vôos da PF que seguiam para Recife e para o Rio de Janeiro, ambos os trechos executados em fevereiro de 2004.

Zulmar Pimentel admitiu ter autorizado uma única vez sua filha a pegar uma carona no avião da PF que iria para o Rio no domingo 7 de março de 2004. Disse não ver problema em dar carona se há vaga e se o avião estava indo para o mesmo destino. Ele negou as outras irregularidades apontadas na sindicância.

Além das “caronas”, o delegado Otávio Fernandes aponta na sindicância como fato grave contra Pimentel sua decisão de usar uma aeronave para percorrer apenas os 14 quilômetros que distanciam a base aérea do aeroporto de Manaus. O trajeto teria custado aos cofres públicos US$ 3 mil, segundo apurado na investigação.

Risco de exoneração A sindicância complica as pretensões de Pimentel de assumir a diretoria geral da PF, cargo para o qual era um dos cotados no segundo mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva já que o atual diretor, Paulo Lacerda, já disse que deixará o posto.

Ao concluir a análise do que reputa como conduta irregular de Pimentel, o chefe da investigação requer à Corregedoria Geral da PF que instaure um processo disciplinar contra o investigado, procedimento que pode culminar com sua exoneração da carreira, depois de 31 anos de serviços prestados.

Chamado a apresentar a filha (ou filhas) que pegaram “carona” nas aeronaves da PF, Pimentel não deu resposta nem apresentou os nomes das passageiras.

O corregedor-geral da PF, José Ivan Lobato, disse que ainda não analisou o caso. “Existe uma fila que precisa ser respeitada, independentemente de quem está sob investigação”, afirmou Lobato.

Folha de S. Paulo

19/1/2007