Uma categoria profissional neste país encontra-se numa espécie de esquecimento crônico: é a dos servidores públicos federais administrativos. As exceções são poucas. Esse esquecimento crônico se deve a característica comum verificada nos chefes do Executivo — característica que os administrativos da PF conhecem bem: deixar os administrativos à margem da valorização profissional de outras categorias.

Na PF é assim. No órgão, somente a categoria policial é relativamente valorizada e bem remunerada. Contribui para isso o conformismo da sociedade civil diante da situação calamitosa em que vivem os servidores do PECPF, contra os quais pesam, tradicionalmente, discriminações internas.

O problema torna-se ainda mais grave na PF em consequência da total falta de atenção dos gestores para ações capazes de melhorar o ambiente de trabalho. Sequer uma prometida retratação pela omissão em um comunicado oficial nossos gestores são capazes de tirar do papel.

Para piorar, há a questão financeira. Não são raros os servidores do PECPF que tentam manter algum conforto e apelam ao crédito oferecido na praça. São colegas que passam a conviver permanentemente com dívidas, na forma de empréstimos e compras a prazo. A situação se agrava na aposentadoria, já que o Governo Federal modificou as regras da previdência para que os servidores públicos deixassem de incorporar na totalidade as gratificações de desempenho pagas em diferentes órgãos.

A diretoria do SINPECPF há anos leva ao conhecimento das autoridades os reclames da categoria. Reuniões e mais reuniões são realizadas neste sentido e os gestores públicos são sistematicamente cientificados da situação crítica em que vivemos. A revolta culminou em paralisações e greves gerais, mas lamentavelmente os resultados não condizem com o esforço empenhado pelo sindicato, o que comprova haver negligência dos governantes para com o serviço público. Ora, sequer a garantia constitucional de reajuste anual de acordo com a inflação é cumprida e nosso Judiciário segue em marcha lenta para julgar o problema. Vive-se quase em um beco sem saída, e só não é pior porque, apesar dos pesares, o sindicato segue combatendo o bom combate de pé.

Quem mais sofre dentro com esse quadro perverso é a segurança pública, que depende da motivação de servidores administrativos que estão sendo colocados de lado pela própria direção geral da Polícia Federal. A nefasta política neoliberal implementada por FHC e continuada por Lula/Dilma aos poucos vai desencorajando as pessoas a seguir carreira no serviço público, uma realidade vergonhosa.