Nomeação casada, inédita, indica importância dada à instituição policial

O presidente Lula e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, devem se reunir amanhã para bater o martelo sobre os substitutos de Bastos, no ministério, e do delegado Paulo Lacerda, no comando da Polícia Federal. A escolha simultânea mostra a importância estratégica da PF no xadrez político do país. Esta deverá ser a primeira vez em que um presidente escolhe ao mesmo tempo o ministro e o diretor da PF.

A PF sempre foi uma área estratégica, mas as grandes operações de combate à corrupção dos últimos anos redobraram a importância da instituição. Exemplo da repercussão política das ações da PF foi o caso do dossiê contra tucanos. Para muitos analistas, foram as fotos do dinheiro apreendido com petistas que provocaram o segundo turno para a Presidência.

O escândalo nasceu de um modesto inquérito sobre supostas fraudes na Fundação Nacional da Saúde em Cuiabá. Investigações da PF também tiraram do páreo candidatos a deputado, senador e governador de vários partidos nestas eleições.

Depois de indiciado por corrupção pela PF, o ex-ministro da Saúde Humberto Costa viu sua candidatura ao governo de Pernambuco naufragar de vez. O candidato a vice na chapa do governador reeleito de Rondônia Ivo Cassol (PPS), Carlos Magno, também teve que desistir da eleição depois de ser preso na Operação Dominó.

Antes da escolha do novo ministro, Lula deverá analisar uma lista em que constam os nomes de Sepúlveda Pertence, ministro do Supremo Tribunal Federal; Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais; e o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), entre outros. Sepúlveda saiu na frente no início da disputa, mas hoje o mais cotado para substituir Bastos é Tarso Genro. Bastos apresentará a Lula também os nomes de vários delegados para a vaga de Lacerda. Os mais cotados são o vice-diretor Zulmar Pimentel, o diretor de Inteligência, Renato da Porciúncula, e o superintendente da PF em São Paulo, Geraldo Araújo.

Nos últimos dias, o nome de Pimentel disparou na bolsa de apostas da PF. Para delegados dos vários grupos que pleiteiam a indicação, o vice disparou na frente. Hoje ele é o segundo na hierarquia da PF e, de acordo com um delegado, teve o discreto apoio de Paulo Lacerda. A escolha de Pimentel manteria também a escala de ascensão natural na hierarquia da instituição.

O Globo

Foto: Roberto Stuckert